15.12.2021
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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

já dizia Luís Vaz de Camões.

Somos todos feitos de mudança, diariamente com o passar do tempo. Alguns tentam manter-se o mais estagnados possível, resistem a todo o custo, dentro do que a mão que rege a Vida lhes autoriza. Porque mudar por opção exige coragem, obriga a sair do que nos é familiar, a pôr o pé fora da zona de conforto onde já conhecemos os cantos à casa.

Nunca fui de me conformar com o mais ou menos, o aceitável, o convencional, o normal, talvez por ter uma alma inquieta que procura mais e mais, ou simplesmente porque de certa forma sempre me pude dar a esse luxo. É, reconheço a sorte que tenho mas também vejo, já com umas quantas voltas dadas ao sol, que as nossas escolhas é que definem o que podemos ou não fazer com as nossas vidas e que de desculpas vivem os covardes.

Sermos audaciosos na opção dos caminhos a percorrer não é fácil, nem para uma alma inquieta como a minha. Traz risos e choros, dramas e ansiedades, medos e esperanças, ilusões e desilusões, excitações e tensões. O que não traz é calma e tranquilidade, a essa alma inquieta que vive intensamente tanto o bom como o mau.

Mas eu não trocaria esta alma por uma cheia de calma, ahh não trocaria. Mesmo nos momentos em que juro aos santos todos que era tudo o que eu queria, dada a escolha eu ficaria na inquietação. Porque nada bate a fome que tenho de viver, de experimentar tudo a que tenho direito, de correr loucamente contra uma parede só para ver se dói mesmo.


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Times change, desires change,
as Luís Vaz de Camões once said.

We are all made of change, daily, with the passage of time. Some try to remain as stagnant as possible, resisting at all costs, within what the hand that governs Life allows them. Because changing by choice requires courage; it forces one to step out of what is familiar, to put a foot outside the comfort zone where we already know the ins and outs.

I've never been one to settle for the so-so, the acceptable, the conventional, the normal, perhaps because I have a restless soul that seeks more and more, or simply because in a way I have always been able to afford that luxury. Yes, I acknowledge the luck I have, but I also see, after a few turns around the sun, that it is our choices that define what we can or cannot do with our lives and that cowards live off excuses.

Being bold in the choice of our paths is not easy, even for a restless soul like mine. It brings laughter and tears, dramas and anxieties, fears and hopes, illusions and disappointments, excitement and tension. What it does not bring is calm and tranquility to that restless soul that lives intensely both the good and the bad.

But I wouldn’t trade this soul for one filled with calm, oh no, I wouldn’t trade it. Even in moments when I swear to all the saints that it’s all I wanted, given the choice, I would remain restless. Because nothing beats the hunger I have to live, to experience everything I have the right to, to run madly into a wall just to see if it really hurts.

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