01.04.2015
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A Culpa é da Disney...

Hoje perguntaram-me porque estou solteira. Gargalhei e respondi “Porque quero.” (com um sorriso no fim😉). A expressão na cara que me olhava foi um misto um "coitada", "deve ter algo de errado" e "alguém lhe partiu o coração e agora tem medo".

Tudo mentira e tudo verdade.

O que aconteceu? Aconteceu a Vida, com certeza. Por vezes terei tido pouca sorte. Tenho muito de errado mas outro tanto de certo. Já me partiram o coração. Várias vezes. Mas ele lá se colou novamente. E não se tornou mais frio como algumas mentes pensam. Tornou-se maior. Ocupa mais espaço, está mais sábio, mais rico e contratou mais células curandeiras. Daquelas que fecham uma ferida que alguém lhe inflija.

"És muito exigente." Esta faz-me rir. Com toda a certeza que sou. Não me contento com meias coisas, sei bem o que quero e melhor ainda o que não quero. Não me iludo à procura da perfeição mas não me contento com pouco só para evitar a solidão. E isto é um erro? Tirem a poeira dos olhos, por favor.
"Tens de sorrir mais!" e vender um produto pela aparência? Já me basta trabalhar no mundo da publicidade. Sou como sou. A minha timidez é confundida com antipatia mais vezes do que eu própria imagino. A minha frontalidade afugenta aqueles que não a sabem enfrentar. Sorrio quando faz sentido e me apetece. Rio muito quando sinto vontade e a piada é boa. Não finjo ser o que não sou, peço desculpa. Trabalhei demais para me amar como sou e não abdico disso por palpites alheios. Quem se der ao trabalho de me querer conhecer talvez seja interessante de ser conhecido de volta.

E o bom que é ser solteira? Poder fazer o que quero, quando quero, com quem quero, às horas que quero... sem por isso ter de informar terceiros? (Ah vida boa esta!)

Desde que nos sabemos meninas a Disney ensina-nos que um dia chegará o príncipe para nos salvar e viveremos felizes para sempre nos braços do nosso amor. Filha única de pais que estão juntos (e felizes), demorei algum tempo a aceitar que o Amor é muito mais complexo que um filme da Disney. Não é estático, vai e vem, muda e transforma-se, por vezes sem nos darmos conta. Não é previsível ou explicável. É como a areia fina do deserto que quanto mais tentamos segurar e conter, mais se escapa entre os dedos. Não o podemos controlar, apenas alimentar e cuidar para que cresça saudável.

Não acredito mais em contos de fadas nem na existência de uma única “alma gémea” para cada um de nós. Acredito no amor que vem, vai e acaba por voltar de novo. Acredito na construção de relações, que dependem das vontades e do empenho de dois, de timings e de factores externos, de mil coisas que dificilmente batem certo... mas acredito.


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Disney is to blame...

Today, someone asked me why I'm single. I laughed and replied, 'Because I want to.' (with a smile at the end 😉). The expression on the face that looked at me was a mix of 'poor thing,' 'there must be something wrong with her,' and 'someone broke her heart, and now she’s afraid.'

All lies and all truths.

What happened? Life happened, for sure. Sometimes I may have had bad luck. Many things are wrong with me but just as many things are right. I’ve had my heart broken. Several times. But it glued itself back together. And it didn’t become colder as some minds think. It became bigger. It takes up more space, is wiser, richer, and has hired more healing cells. The kind that close a wound that someone inflicts on it.

'You’re too demanding.' This makes me laugh. I definitely am. I don’t settle for half-measures; I know exactly what I want and even better what I don’t want. I don’t delude myself in search of perfection, but I won’t settle for less just to avoid loneliness. And is this a mistake? Please wipe the dust from your eyes.

'You need to smile more!' And sell a product based on appearances? I already work in the advertising world. I am who I am. My shyness is confused with unfriendliness more often than I can imagine. My straightforwardness scares off those who can’t handle it. I smile when it makes sense and when I feel like it. I laugh a lot when I want to and when the joke is good. I don’t pretend to be what I’m not, apologies. I’ve worked too hard to love myself as I am, and I won’t give that up for others’ opinions. Those who take the time to get to know me might be interesting to get to know back.

You know how great it is to be single? Being able to do what I want, when I want, with whom I want, at any hour I want... without having to inform anyone else? (Oh, what a good life this is!)

Since we were little girls, Disney has taught us that one day the prince will come to save us, and we will live happily ever after in the arms of our love. As an only child of parents who are still together (and happy), it took me some time to accept that love is much more complex than a Disney movie. It’s not static; it comes and goes, changes and transforms, sometimes without us even noticing. It’s not predictable or explainable. It’s like the fine sand of the desert that the more we try to hold and contain, the more it slips through our fingers. We can’t control it; we can only nourish and care for it so that it grows healthily.

I no longer believe in fairy tales or in the existence of a single 'soulmate' for each of us. I believe in love that comes, goes, and eventually returns again. I believe in the building of relationships, which depend on the desires and efforts of two, on timing and external factors, on a thousand things that are difficult to align... but I believe.

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