sexta-feira, setembro 23, 2005

Irrita-me isto.

No outro dia fui comprar uma revista numa tabacaria que há no metro do Oriente e perguntei ao homem se já tinham a 'Elle' (ou outra do género) de Outubro. Devo dizer que raramente compro revistas dessas mas como me tinha esquecido do livro em casa e estava sem telemóvel para jogar :P resolvi comprar.

Portanto, lá perguntei ao homem, que estava a fumar o belo do cigarro e a ler a bela d'A Bola', e ele olhou para mim com o maior ar de seca, aquela cara típica de trabalhador de função pública (coisa que ele nem era), como se, para além de lhe ter interrompido a leitura e o cigarro (Dolce Fare Niente), lhe estivesse a fazer uma pergunta pefeitamente inútil. Com ar de quem pede licença a um pé para mexer o outro, lá se desencostou do balcão e deu os 2 passos até às revistas.

Eu repeti pacientemente: "Já há alguma de Outubro?" e ele olhou, olhou, tocou as revistas com os dedos, e eu: "Essa Elle é de Setembro?". Ele suspirou e lá pegou na revista, ficou a olhar para ela com os olhos semicerrados, certamente a tentar ler as letras pequenas à procura do mês e quando eu já estava quase para dizer "Dê cá que eu vejo" ele lá disse: "É de Outubro". Agarrou na oferta (como já se sabe estas revistas trazem sempre uma trampa qualquer atrelada, neste caso uma espécie de saco desdobrável com rodas incorporadas que entretanto já despachei para a minha mãe) e enfiou-ma nas mãos, sempre com cara de quem está a fazer um enoooorme esforço. Havia 2 cores à escolha e eu resolvi escolher aquele que ele não me tinha dado, não porque fizesse muita diferença mas porque depois daquela atitude resolvi ser pecuínhas :P


Não sei se é tipicamente português mas a atitude da maioria dos trabalhadores da função pública (e alguns outros como este) é verdadeiramente insuportável! Então em sítios como por exemplo os Centros de Saúde (e aqui vou falar do de Oeiras que devo dizer já frequentei mais do que gostaria) realmente não há paciência.

Quando uma pessoa lá vai, não é concerteza porque lhe está mesmo a apetecer ou porque não tem nada melhor para fazer! E depois temos de levar com aquelas caras de quem se acha superior só porque delas (as funcionárias) dependem as possíveis marcações de consulta ou pedidos de receituário. Acham que têm uma importância enorme no sistema e então dão-se ao direito de fazer a sua cara de cu. E quando se põem na conversa umas com as outras e uma pessoa fica ali no seu "Olhe desculpe, se faz favor" à espera que Sua Excelência resolva dar-nos a sua preciosa atenção. E depois se for preciso aparece uma outra pessoa que, ao contrário de mim, não tem cara de miúda e a funcionária idiota vira-se imediatamente para perguntar "Diga?". Fico fula.

Ou como o Segurança das Securitas, a quem foi dado uma pontinha de poder e que acha logo que é o dono lá do sítio e que as pessoas andam todas aos seus caprichos, sempre com cara de mal disposto e um ar de quem engoliu uma vassoura e transporta uma coroa imaginária na cabeça.

Mas alguém lhes pediu algum favor? Eles não estão ali para atender as pessoas? Não para isso que lhes pagam? Ainda por cima com o dinheiro que NÓS descontamos?? Irrita-me isto.

6 comentários:

Ricardo Ramalho disse...

Tens otários e preguiçosos em todo o lado, independentemente de ser estado ou privado... Acredita nisso.

Joana Saramago disse...

Eu acho que tu não sabes o que é um funcionário público.
Podes chamar aos calões muitos nomes mas há muitos funcionários públicos que dão o litro a trabalhar, trabalham a vida inteira para depois de velhos receberem uma reforma de miséria.
Tens milhares de profissões no estado, tens professores, tens administrativos, tens auxiliares, médicos, enfermeiros, bibliotecários, arquitectos, juizes, varredores, etc etc...
garanto-te que se esta gente toda fosse preguiçosa então o funcionarismo público deixava de existir e de fazer sentido.

Pensa melhor nas palavras que usas para rotular as pessoas.
Desculpa a invasão do blog, mas tenho funcionários públicos na família que trabalham até ficar esgotados e não os vejo como calões.

Judia disse...

Eu não quis generalisar, sei muito bem que há pessoas que trabalham muito. Mas muitos deles encostam-se e não se esforçam e eu não falei só nos funcionários públicos, aliás a história que contei foi de um não-funcionário público. Além disso falei em caracretística portuguesa, somos um povo que pessimista e preguiçoso, foi essa a ideia que quis transmitir. Também tenho vários funcionários públicos na família e sei que trabalham muito e que as reformas não vão ser grande coisa. O rótulo que pus foi ao português comum que em muitos casos é do mais preguiçoso que pode haver.

Judia disse...

Quanto à invasão do blog não acho que seja invasão! Invadam por favor e critiquem sempre :D

Anónimo disse...

O que fica deste texto é a ideia que repetes vezes sem conta: os funcionários públicos (FP) são calões e incompetentes. Escreveste: "Não sei se é tipicamente português mas a atitude da maioria dos trabalhadores da função pública (e alguns outros como este) é verdadeiramente insuportável!". Logo: não dizes que é uma característica de todos os portugueses - e escreve-se "generalizar", já agora - e voltas a reforçar a ideia que tens sobre uma "maioria" dos FP que desconheces. Quanto aos "outros" trabalhadores, como no caso que apresentaste, só "alguns" é que se parecem com os FP's.
"aquela cara típica de trabalhador de função pública", como é?

Judia disse...

A cara típica de Função Pública era uma piada mas já percebi que não a percebeu e que pelos vistos levou muito a peito uma crítica que já ouvi milhares de pessoas a fazer. Eu já fui mal recebida MUITAS vezes pela função pública e falei por experiência própria. E SIM, acho que há uma atitude pouco profissional de muitos deles que ainda por cima têm regalias que o resto das pessoas não têm. Ou também é mentira? Ah e peço imensa desculpa por ter dado um erro ortográfico, agradecendo ter sido chamada à atenção de forma tão pouco arrogante.